Sentimento n° 01403
Minha primeira filha tinha acabado de completar um mês. Eu estava na estação de metrô, voltando para casa. De repente, olhei em volta e percebi que todas as pessoas na estação eram filhos de alguém. Eles não eram mais homens nem mulheres. Eram filhos, apenas. O filho de uniforme cuidando das catracas. A filha de tranças procurando moedas na mochila. O filho de meia-idade carregando uma pasta de couro. O filho de cabelos despenteados falando sozinho. A filha de jaleco dormindo com o queixo enfiado no peito. Para alguém, em algum lugar, aquela era a pessoa mais importante do mundo. Mais importante do que o cara que inventou o fogo, a roda, a luz. E então senti o que todas aquelas mães sentiriam, individualmente e somadas. Uma comoção coletiva. Uma vontade de sair amarrando todos os cadarços, segurando todas as sacolas, ajeitando todas as roupas, erguendo todas as cabeças, penteando todos os cabelos, fazendo graça para todos os tristes. Para uma mãe, não importa o quanta o filho esteja bem, há sempre algo a ser feito. Um gesto que carregue a ilusão de salvar o filho de todas as dores do mundo.