Procuro saída para as armadilhas,
não deixo que meu sentir seja corpo
nem seja violado por nenhum Deus.
Sigo a rota do desejo e do fazer
para tecer a realização dos sonhos
e os bálsamos para minha alma
e minha cabeça.
Se encontro enigmas, revelo-os.
Abro-me para os prazeres do mundo,
das auroras e das estrelas.
Com eles faço a cama onde me deito.
Caso fiquem ainda os espinhos da vida,
sou minha própria mãe, acaricio meus pés,
lavo o corpo com alfazema, begericum
e folhas de arruda para o afago das Deusas.
Beijo suas mãos e seus akotás,
resguardo-me no amor dos seus ventres
para me limpar do amargo servido a nós,
mulheres negras.
Busco os saberes e os fios da delicadeza
para compor a coragem que me abastece,
ficar atenta às juras de amor e aos cuidados
malignos dos homens.
Sigo voando largo com a sutileza das virgens
e o bem-estar das profanas.
Ao ar livre, finco o esteio da minha casa,
e nada turva o que vivo, pois o saber,
mais os sentidos, conduzem meu destino.