6.12.10
durante
antes de me deitar, o ritual:
as almofadas na vertical, paralelas o corpo,
encolhido no canto oposto ao lado em que se
encontra o berço dele.
o berço, por sua vez, bem colado à parede.
um banquinho, uma cadeira e o ventilador
deveriam também bloquear minha passagem.
tudo para impedir que durante o terror noturno
eu chegue até ele e o levante.
18:55
4.9.11
na minha boca
tiro f. de perto da tomada,
ele diz várias coisas incompreensíveis e eu finjo que
não entendo.
“não pode”, eu repito.
ele tenta de novo e de novo eu o afasto.
“não pode”, insisto.
então ele chora e vem a chupeta.
de quem é a tenacidade?
ele chora ainda.
digo: “vem para o colo”.
ele vem e não chora mais e fala de novo coisas
incompreensíveis.
então se detém e observa.
(nesses momentos eu sei que somos dois)
tira a chupeta e põe na minha boca
11:57
15.2.12
no balanço
f. não olha pra mim.
ele olha o menino do lado
que ri olhando pra mãe dele.
21:55