Não me ensinaram a falar
deram-me de pedir sem vestes.
Não me ensinaram a fugir
deram-me de ter rédeas caídas.
Não me ensinaram a escrever
deram-me de talhar uma tábua sobre o rio.
Peço por atravessar os umbrais da infância
penetrar a porta única, aberta, de onde nasce
duro silêncio.
Como ensinassem as velhas o ritual sacro
a três palmos da terra mora o nosso cordão
a germinar frutos de monte em monte, da raiz ao
caule, do caule à folha, da folha ao cálice à flor.
Meu destino, minha mãe, é ser aquela
que a cada noite se aparta do mundo,
para nascer-me um filhote ensebado.
Mais uma vez regresso, seus braços.
Mais uma vez, solidão.