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resiliência
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.: Beluga
Beluga
Andrea NathanO parto do Gustavo foi liso, o que no jargão dos obstetras significa tranquilo, sem intercorrências. Da banheira oval da maternidade, passei à sala cirúrgica. Força, descansa, força, descansa, força, força, força! Lá estava ele, branquinho, corado, túrgido e roliço como uma beluga. Agarrou o peito com voracidade, agitando as pernas e os bracinhos nus. […]
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.: As alegrias da maternidade [fragmento]
As alegrias da maternidade [fragmento]
Buchi EmechetaAinda estava tomada por esses pensamentos sinistros, contando a féria do dia, quando ouviu os gritos de saudação das esposas do senhorio, que ainda não haviam entrado para suas casas. “Sejam bem-vindos, nossos heróis!”. As crianças correram para fora para ver quem havia chegado. Nnamdió foi junto, misturado às pernas deles, e Nnu Ego alertou: […]
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.: A segunda cobra
A segunda cobra
Lizzie SimonUma noite, no começo de abril, num dia especialmente irritante do décimo terceiro mês vivendo la vida lockdown, no bosque do norte do estado de Nova York, cheguei em casa com minhas filhas, de três e seis anos, e encontrei meu marido, Eric, com uma expressão estranha. […]
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.: Do dentro do nosso quintal
Do dentro do nosso quintal
Fabiana Carneiro da SilvaDou um xêro na barriga e ganho um cafuné. Dengo bom que me distraiu e eu nem vi o passar do tempo, dois anos desde aquele dia em que me rasguei para recebê-la. Naqueles primeiros dias, minha menina se fazia urso em inverno. Hoje, somente uma soneca rápida ao longo do dia. […]
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.: Carta de uma mãe que não quer mais
Carta de uma mãe que não quer mais
Tantas VáriaOntem não deu para lhe escrever. A gente pensa que vai ter tempo quando chegar em casa, né? Sabe, quando me pediu para falar sobre a maternidade de filhos especiais, comecei a pensar sobre o assunto. É louco isto, porque penso nisso há quase trinta anos, desde quando nasceu meu primeiro filho, João, com síndrome […]
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.: Sobre morrer
Sobre morrer
Luana de OliveiraQuantas vezes você já morreu? Minha vó costumava dizer que a gente que é pobre já nasce morrendo. Se for mulher então, aí é que fica pior: nasce culpada e morrendo. Eu cresci com isso martelando na minha cabeça. O que seria pior? A culpa ou a morte? Até hoje, não sei. Na primeira vez […]
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.: Definir-se mãe em tempos de pandemia
Definir-se mãe em tempos de pandemia
Josinélia Chaves MoreiraNo dia 04 de julho de 2017, dois traços vermelhos me enunciavam Mãe. A palavra mãe, ainda em processo, ecoou, rasgou e feriu-me como uma navalha, enquanto tentava não acreditar no que via. Palavras pularam da minha cabeça, me olhando e insistindo em me penalizar, em me asfixiar: camisinha, pílula do dia seguinte, anticoncepcional – […]
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.: Da dor e do amor
Da dor e do amor
Dulci LimaNascemos. Em abril de 2013, minha filha e eu nascemos, ela para o mundo e eu como mãe. Nunca almejei ser mãe, não sonhei ter filhos. Gostava mais das brincadeiras de rua e de professora do que de bonecas. Amava mesmo os livros!
Minha filha foi um acontecimento inesperado, resultado de um amor não correspondido […] -
.: Canções puerperais
Canções puerperais
Daisy Serenaeu queria escrever uns versos pra matar o tempo, a saudade, a vontade. pra saciar a sede, o desespero, a febre, o silêncio. eu queria escrever umas palavras ainda que soltas, qualquer coisa que me lembrasse que eu ainda tô aqui, aqui, aqui dentro, como eu tô fora, fervendo.
mas meu filho acordou dez vezes […]