solidão

  • .: Sozinhas no mundo

    Sozinhas no mundo

    Raíssa Galvão

     sozinhas no mundo    eu sou só  eu e minha mãe    eu sou  só eu  e minha    eu só minha   mãe,  sou eu   sou minha  mãe e eu  só    eu sou  minha mãe  minha mãe  só eu […]

  • .: Minha mãe

    Minha mãe

    Patrícia Franca

    Não me ensinaram a falar
    deram-me de pedir sem vestes.
    Não me ensinaram a fugir
    deram-me de ter rédeas caídas.
    Não me ensinaram a escrever
    deram-me de talhar uma tábua sobre o rio. […]

  • .: Ancestralidade feminina

    O amor é como um bordado:
    meu nome gravado nas toalhas com as letras cuidadosamente desenhadas,
    o crochê das tias, dedos que dançam para escrever o afeto,
    as roupas costuradas pela avó com os restos dos sacos,
    a bainha da calça feita pela mãe,
    também eu – interessada nas arpilleras hermanas – compro novelos no […]

  • .: A analfabeta [fragmento]

    A analfabeta [fragmento]

    Ágota Kristóf

    Fico sabendo pelos jornais e pela televisão que uma criança turca de 10 anos morreu de frio e de exaustão enquanto tentava atravessar clandestinamente a fronteira suíça junto a seus pais. Os “coiotes” os deixaram perto da fronteira. Eles só tinham que andar sempre em frente em linha reta até chegarem ao primeiro vilarejo suíço. […]

  • .: Nascer

    Nascer

    Andréa Cançado

    Transcorridos mais de três meses, quase quatro, ainda não se entendiam. A vida seguia um inferno e, sem se dar conta, o novo ser se apropriava do seu corpo. Seria mãe. Numa tarde, uma tarde de primavera, ela dirigia por uma avenida imensa, lotada de carros, tantos que seu olhar não alcançava o começo da […]

  • .: De repente

    De repente

    Juliana Belo

    Língua-mãe
    Por nove anos
    mamãe o dia todo.
    De repente
    a tua língua desaprende
    meu nome,
    tua mãe.
    Agora, fala pré-adolescência,
    a palavra desse teu vasto mundo.
    Quando foi que a língua
    se torceu
    e eu fiquei um pouco muda,
    sem saber falar com você? […]

  • .: Natal e Órbita

    Natal e Órbita

    Catarina Barros

    Ela diz que não gosta de sexo: há qualquer coisa naquilo que a envergonha, que a faz sentir-se ridícula. Tudo lhe parece estranho: preliminares, o tamanho do pénis, o arfar do homem, a queda do orgasmo. Tem vergonha do corpo: embora saiba que é bonita, não gosta do peito, caído, um seio mais pingado que […]

  • .: O papel de parede amarelo [fragmento]

    O papel de parede amarelo [fragmento]

    Charlotte Perkins Gilma

    Faz duas semanas que estamos aqui e não tive vontade de escrever desde aquele primeiro dia. Agora estou sentada junto à janela, neste atroz quarto infantil, e não há nada que me impeça de escrever o quanto queira, exceto a ausência de forças. John fica fora o dia todo, às vezes também à noite, quando […]

  • .: Pequenas erupções [fragmentos]

    pesquiso tantos símbolos
    as pirâmides ou a lógica do corpo na poesia
    pesquiso os cervos
    os planetas
    o que pode significar
    a estrela cadente na poesia amorosa […]