casa extinta
para meu pai, um homem preto demais para descansar
sou uma
árvore prenhe de
flores e frutos.
meu pai
um jatobá
à beira do desastre.
sob a copa desta casa
ressona
ignorando a
natureza vegetal de suas filhas.
as mulheres cozinhavam o amor em fogo brando e calda de açúcar
para minha mãe e sua irmandade
dos dedos nodosos dos homens
um líquido futurista tão logo/longe desaguará
nos contrafeitiços
de fogo
lentidão e
açúcar
desfazendo a fervura,
retardando a prontidão.
o morno
darão de comer às crianças-livres
na escuridão de suas mães
desde a antiguidade.
o tempo que ainda nos resta ou enquanto a memória do homem não se esquecer de quem somos
para minha irmã
enquanto a memória do homem não se esquecer
de quem somos
teremos tempo
para desatar o
animal preso ao Iroko
daquele quintal.
evocar a morte
desequilibra a casa
resseca o dia
perturba a noite.
confunde o medo e
o tempo que ainda nos resta.