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  • É para eu ir?

    Letícia Lopes de Souza
    N.208 | 2025

    Sei que está animada, nervosa, e deve ser por isso que não está me enviando mensagens. Só me manda, pelo menos, o endereço. Você sabe que eu sempre chego. Já me disse qual roupa devo usar e eu já prendi o meu cabelo, do jeito que me pediu quando fez o convite pela primeira vez. […]

  • Trilogia do amor

    Lenise Regina
    N.207 | 2025

    o morno
    darão de comer às crianças-livres
    na escuridão de suas mães
    desde a antiguidade. […]

  • Mãe ou Filha?

    Izabella Amora
    N.206 | 2025

    A verdade é que em todos esses anos eu muito escrevo sobre ser mãe e quase nada sobre ser filha. Talvez porque ainda não tenha encontrado caminhos confortáveis para remexer no meu próprio líquido amniótico. Talvez porque na maternidade eu encontre um poderoso caminho de autoconhecimento que no lugar de filha ainda não encontrei. É […]

  • Notas sobre a fome [fragmento]

    Helena Silvestre
    N.205 | 2025

    Eu sei sobre a fome, porque já a senti me atravessar as veias – isso que as pessoas daqui aprenderam que tinha o nome de fome. Conheci o buraco vazio que avança, engolindo todas as beiradas de um desejo que não nasce na cabeça e que precisa de comida, tão forte é esse desejo. […]

  • Canção para ninar menino grande

    Conceição Evaristo
    N.204 | 2025

    E depois, no decorrer de minha conversa com ela, quando já estávamos nós duas somente, foi que entendi. Era dor sim, a maior. E Juventina sabia qual. Dor de amor, ela me contou mais tarde. Não que estivesse apaixonada. Não, não mais. Não mais. Agora ela só era Juventina. Paixões eram do tempo que ela […]

  • Desejar é revide

    Marina Apolinário
    N.203 | 2025

    Penso sobre corpo. Penso sobre o corpo nas minhas lembranças de infância – de quando ele brincava dócil na casa patroa, do choro das estrias por ter crescido demais, do incômodo pela chegada dos peitos que atraíam olhares, do olhar torto quando cheguei nos brancos e contrastei minha pele. Penso sobre corpo, no pudor da […]

  • Terra grávida

    Trudruá Dorrico
    N.202 | 2025

    Erepankî. Ewonkî. Eretekî. Pri’ya nan?
    É dessa maneira que, quando as parentas makuxis vão chegando na casa de uma yonpa (parente), são saudadas e cumprimentadas. Chegue. Entre. Sente-se. Você está bem? Assim, repito aqui o mesmo cumprimento que fazem as minhas ancestrais. Chegue nestes poemas, cultivados por mulheres indígenas das nações Makuxi, Guató, Wassu-Cocal, Puri, […]

  • Conselhos

    Vanessa Brandão
    N.201 | 2025

    Escuta aqui meu filho
    não se deve perder um dia de sol
    nem se apressar quando bate um vento Cruviana
    nem sair do carro antes daquela música bonita acabar.
    Jamais, entende?
    A não ser que esteja prestes a beijar uma pessoa.
    Pessoas são sempre uma grande experiência
    todas elas têm no coração um lugar chamado […]

  • Poema do útero

    Trudruá Dorrico
    N.200 | 2025

    Eu não vim calma.
    Eu vim rasgando o mundo
    sem anestesia para aplacar
    minha fúria de viver. Cheguei ainda fraca –
    No entanto pronta:
    pro mato
    pro mosquito
    pra morte. […]