falta amadurecimento contínua diversão futuro sexismo dupla-maternidade conexão palavra dissidente expectativa diário morte insegurança abuso não-maternidade conflito amamentação poesia marginal mãe-solo saudade criança tarefa marginália segredo ruptura hormônios raiva tradição desespero línguamãe umbanda angústia sexo desmame violência encantamento irmãos rotina resiliência mulher-negra livro medicina separação desencanto vínculo depressão isolamento cotidiano trabalho dinheiro casamento brincadeira guarda-compartilhada descendência loucura desilusão puerpério menstruação infância domésticas deficiência coletividade culpa desamor corpo transgeneridade exílio masturbação identidade gravidez relacionamento hospital apego descoberta aprendizado transição saúde mental escrita-dos-dias fecundação prazer carta desmistificação luto gênero adoção tempo família amas-de-leite humilhação distância independência vícios fome nascimento câncer silêncio aleitamento submissão individualidade leitura desejar-é-revide maternidade atípica babás lesbianidade resistência prostituição autocuidado pertencimento subjetividade choro candomblé luta segundo filho memória cuidado criação com-a-maré coragem mãe-terra alegria dança enlouquecimento fertilidade lgbtqia+ aborto orgasmo terra-grávida casa pânico linguagem amizade afeto fragilidade ciúme cozinha empoderamento travesti artes visuais frustração desencontro desamparo dor colo ausência inter-racialidade ancestralidade acidente envelhecimento utopia doença dissidência psicanálise confinamento migração oração intimidade sagrado acolhimento ritual avó desejo ressentimento pandemia crueldade sexualidade herança solidão amor suicídio medo parto escuta comemoração abandono adolescência lei feminismo educação cansaço dignidade rigidez velhice escravidão exaustão contracepção racismo sonho escrita
  • .: O jogo dos dias

    O jogo dos dias

    Carla Maia
    N.44 | 2023

    É preciso começar pela margem. Primeiro, separar as peças, isolando todas que tiverem uma lateral perfeitamente reta, são as que formam a moldura, estabelecendo o limite e o início das conexões restantes. Atenção para as peças com duas laterais retas, essas são as
    de canto, é importante ter atenção aos cantos.

  • .: Eu e João

    Eu e João

    Brisa Marques
    N.43 | 2023

    De onde parto? De mim. Dividida em duas partes, no parto. Eu e João, tirado de mim por minha mão. Atrás de mim, minha mãe.

    Talvez sejam essas as minhas primeiras referências sobre maternidade.

    Maternidade um tanto fora do padrão. Deficiente? Nunca gostei dessa palavra, mas carrego em mim uma lesão medular.

  • .: Fresta

    Fresta

    Barbara Lito
    N.42 | 2023

    Fecho os olhos. Inspiro fundo, retenho o grito – tenho exercitado firme para não pedir as coisas aos berros.

    Eu e ele. Um ano e um mês. No início, eu me sentia num desses filmes de cataclismos, em que os personagens têm que se esconder, juntar provisões, acuados em bunkers e sem saber muito bem como anda o resto do mundo lá fora. Nosso isolamento é Nutella, apesar de todo o perrengue. Nesse tempo, perdi a conta de quantas rotinas ocasionais negociamos, tentando manter alguma espécie de sanidade dentro dessa nova normalidade.

  • .: inventário isolado

    inventário isolado

    Babi Amaral
    N.41 | 2023

    dia 01
    dizem que isso vai durar pelo
    menos três meses.

    dia 02
    falei com gorete e ela disse que queria continuar vindo trabalhar.
    sobreviveremos.
    ela e eu.

  • .: Carta às 4

    Carta às 4

    Ana Freitas
    N.40 | 2023

    Queria falar-vos do declínio do corpo, da garganta ou do pó da pandemia, a cor ocre da argila. Espirros de memórias ventiladas. Falar-vos de quando atravessamos os vidros das janelas como um passatempo. O tempo passou.

    Lembram-se de quando escutamos os sussurros? As ambulâncias, as luzes desmaiadas nas ruas; dentro de casa, lugares inventados como pontos de fuga e gritos.

  • .: No quintal da minha infância

    No quintal da minha infância

    Alice Bicalho
    N.39 | 2023

    Ser mãe: o extraordinário é o mais comum. E não seria exagero dizer que o comum é o mais bonito. É o que sinto. Ainda assim, eu tenho medo da morte. Sempre tive e agora tenho mais. Um medo enorme. Por isso, eu cuido da vida.

  • .: Contínua

    Contínua

    Maria Carolina Fenati
    N.38 | 2023

    Quando estávamos no início da pandemia da Covid-19 e lavávamos pacotes de arroz ou economizávamos álcool em gel pensando nos hospitais, enquanto o governo brasileiro não se responsabilizava por adquirir e desenvolver vacinas e fortalecer o Sistema Único de Saúde, quando todos nós esvaziávamos as ruas e ficávamos confinados em casa, acuados com as nossas loucuras – as crianças tornaram-se quase invisíveis para o mundo público, entregues aos cuidados domésticos, e o seu burburinho incessante destinava-se às suas mães.

  • .: A escrava

    A escrava

    Maria Firmina dos Reis
    N.37 | 2023

    Em um salão onde se achavam reunidas muitas pessoas distintas, e bem colocadas na sociedade, e depois de versar a conversação sobre diversos assuntos mais ou menos interessantes, recaiu sobre o elemento servil.

    O assunto era por sem dúvida de alta importância. A conversação era geral; as opiniões, porém, divergiam. Começou a discussão.

  • .: Argonautas [fragmento]

    Argonautas [fragmento]

    Maggie Nelson
    N.36 | 2023

    2011, o auge das nossas mudanças corporais. Eu grávida de quatro meses; você usando T há seis. Nós, verdadeiros poços de hormônio, resolvemos passar uma semana num Sheraton na praia de Fort Lauderdale, bem na época das monções, para que você retirasse os seios com um bom cirurgião e se recuperasse.