utopia racismo vícios línguamãe amizade tarefa aprendizado infância coragem dança violência autocuidado linguagem segredo fecundação exílio criança alegria afeto loucura contracepção parto submissão sexismo hormônios dupla-maternidade carta aborto guarda-compartilhada saúde mental gênero comemoração maternidade atípica desmame avó poesia marginal depressão confinamento fertilidade expectativa intimidade sonho orgasmo apego humilhação doença medo brincadeira lesbianidade futuro desilusão fome sagrado aleitamento morte nascimento rotina descendência velhice colo angústia travesti falta livro vínculo dignidade dissidência mãe-terra descoberta exaustão transgeneridade gravidez abuso psicanálise pertencimento criação medicina lei prostituição câncer artes visuais resistência saudade subjetividade sexo culpa tradição abandono herança trabalho adolescência luta adoção diversão resiliência independência babás lgbtqia+ escuta encantamento ausência domésticas oração mulher-negra ruptura cuidado empoderamento rigidez frustração isolamento amadurecimento dor desespero amas-de-leite ciúme dinheiro crueldade casa escrita desamor diário ritual solidão corpo menstruação cozinha ressentimento fragilidade migração deficiência envelhecimento hospital amamentação masturbação amor acidente contínua sexualidade puerpério irmãos segundo filho transição escrita-dos-dias ancestralidade educação separação relacionamento com-a-maré desamparo feminismo desencontro enlouquecimento pandemia desencanto conflito individualidade tempo umbanda inter-racialidade coletividade leitura desejar-é-revide palavra dissidente insegurança mãe-solo cansaço casamento conexão acolhimento desmistificação raiva desejo distância terra-grávida choro memória não-maternidade prazer pânico silêncio escravidão identidade luto candomblé marginália família cotidiano suicídio
  • .: Endometriose

    Endometriose

    Débora Arruda dos Santos
    N.188 | 2025

    as minhas pernas não existem mais
    depois que o sangue escorreu
    gota por gota ele desceu
    pouco e insuficiente
    para fazer transbordar o seu copo
    cheio de silêncio

    as suas doses diárias não devem chegar
    a uma quantidade satisfatória
    pois algumas palavras como exagero
    e frescura
    continuam sendo ditas
    nos melhores e mais esforçados
    tons de deboche

  • .: Meu amor

    Meu amor

    Cláudia A. Flor d’Maria
    N.187 | 2025

    Chegaste assim… sem pedir licença.
    Quando dei por mim, tu já estavas aqui, dentro de mim,

    Chegaste no rastro do bem-te-vi.

    Quando dei por mim, tu já eras dono das minhas vontades.

    Chegaste assim… sem pedir passagem.
    Quando dei por mim, tu já estavas junto a mim,
    Chegaste assim… sem bagagem.

  • .: O pé de manga, Útero, Filha de artesã

    O pé de manga, Útero, Filha de artesã

    Barbara Kariri
    N.186 | 2025

    Eu plantei um pé de manga para o meu neto. O neto do meu neto chupa as mangas do pé de manga que eu plantei. As abelhas também degustam as mangas do pé de manga que eu plantei. Eu, o pé de manga, meu neto e as abelhas alimentamos a terra que sustenta as raízes da mangueira. As raízes da mangueira estão na terra e nos meus fios de cabelo que são a continuidade da minha avó.

    Minha avó sou eu, só que abelha, terra, manga
    e o silêncio!

  • .: Palavra dissidente

    Palavra dissidente

    Dri Galuppo
    N.185 | 2025

    […] a palavra, esta que nos condena, nos trancafia em destinos e nos mata, poderia também nos salvar? Poderia nos levar de passeio a uma praia de águas quentinhas? Ou ao menos dizer de nossa existência ao produzir arquivos orais, contar a história de outra maneira ou fabular novos mundos onde possamos caber sem tanto risco?

     

  • .: Mãe

    Mãe

    Xiatitia
    N.184 | 2025

    Que as Yabás protejam
    A menorzada
    Da quebrada
    Que é obrigada a sorrir
    Mesmo estuprada
    Silenciada
    E sendo forçada a parir

  • .: Portas

    Portas

    Vênus Sunêv
    N.183 | 2025

    Dentro de casa eu aprendi a respeitar
    sempre com a cabeça em pé mas com o nariz no lugar.
    Eu não me apaixono por pessoas que
    amam outras pessoas porque
    eu tenho amor próprio
    e se eu fosse só bonita, aí ok.

    O foda é que eu sou inteligente, barraqueira
    e gostosa, aí num dá e eu vejo
    tanta mina foda se sentindo bosta,
    por uns caras bosta se sentindo foda.
    Mas só uma sociedade fodida culpabiliza a vítima.

  • .: Vidas rebeldes, belos experimentos [fragmento]

    A autoaversão ficaria aparente em seu rosto conforme ela dá as costas para a criança, sua primogênita, que jamais seria capaz de amar. Aquela que sempre lhe lembraria de que ela não era uma mãe boa-o-suficiente.

  • .: O tempo

    O tempo

    Renata C. Moura
    N.181 | 2025

    O tempo não se mede em relógios, e não é o espelho que me revela o tempo. Ele não me chega em linhas visíveis; o tempo costuma aparecer quando estou distraída. Outro dia nos encontramos quando eu ria, o riso me escapava leve e longo, como se carregasse outros tantos risos que já dei.

  • .: Café preto sem açúcar – pé na porta de vidro

    Eu que nunca tive Nescau aprendi a segurar o Toddy Ela café preto, forte, sem açúcar
    Não veio para ser segura
    Pura era a cachaça que eu tomava antes de proferir cada palavra sobre ela Ela, curando ressaca, tava farta dos vícios que eu romantizava